São Paulo, 22/01/2016 - A necessidade de compra provocou novas altas nos preços do milho nesta quinta-feira em Mato Grosso. A saca do grão chegou a subir R$ 2 em relação ao início da semana em algumas regiões. Já no Paraná, corretores chegaram a relatar leve queda, depois da disparada dos preços. No entanto, a perspectiva é de novas altas, sustentadas pela valorização do dólar ante o real. Ontem, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,72% e atingiu R$ 4,1705, maior valor da história do Plano Real.
O câmbio deve fazer a cotação atingir novos recordes. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, as atuais cotações domésticas do milho, em termos reais, são as maiores desde meados de 2013 ou do primeiro trimestre de 2014, a depender da região. O Indicador Esalq/BM&FBovespa, referente à região de Campinas, fechou a quinta-feira em alta de 0,35%, a R$ 43,46/saca. Em dólar, o preço ficou em US$ 10,46/saca (-0,57%).
No sudeste de Mato Grosso, saíram negócios por R$ 32/saca para retirada imediata em Primavera do Leste e pagamento curto, R$ 2 acima do negociado na segunda-feira. "O milho acabou e ainda fiquei com oito compradores na mão", disse um corretor sobre a oferta restrita de cereal na região. Ele contou que havia procura por parte de pecuaristas dos estados do Sul e Nordeste, além das indústrias da região. A negociação futura da safrinha 2016 continua travada, sem interesse de vendedores. A indicação ontem era de R$ 23/saca para retirada e pagamento em setembro, sem registro de negócios.
No norte do Paraná, o preço recuou. Ontem, foram fechados contratos a R$ 38/saca para retirada imediata e pagamento ainda em janeiro, ante R$ 38,50/saca do dia anterior. Segundo corretor da região, os principais compradores são granjas da região. Ele afirmou que o milho do norte paranaense está ficando dentro do Estado, porque o preço atual, mais o custo do frete, reduz a competitividade do grão. Já em Mato Grosso, o mercado continua em alta, porque os preços atuais ainda compensam o custo da entregas a alguns compradores do Nordeste, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. "Está complicado tirar o milho daqui." Na avaliação do corretor, contudo, se o dólar continuar subindo, a tendência é o mercado acompanhar, porque devem surgir novas oportunidades de exportação.
Para a safrinha 2016, multinacionais indicavam ontem R$ 32/saca para entrega na ferrovia em Londrina ou Maringá em setembro, com pagamento em outubro, mas as ofertas eram de R$ 33/saca, no mínimo. "Antes o preço da safrinha estava mais alto do que o para pronta entrega, agora está o contrário, e produtor prefere esperar."
Havia ontem também indicação de compra para entrega em Palmital (SP) a R$ 38,50/saca e Encantado (RS) a R$ 38 a R$ 40/saca, mais ICMS, com entrega imediata e pagamento em 30 dias. No Porto de São Francisco do Sul (SC), havia chance de acordos ontem a R$ 43/saca no spot.
No Triângulo Mineiro saíram negócios acima de R$ 40/saca para entrega imediata. Corretor da região disse que a procura continua forte e que outros Estados estão tentando buscar grão em Mato Grosso, onde a oferta é cada vez menor. Para ele, leilões de milho dos estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) podem ser uma solução para reequilibrar o mercado. "Isto é uma coisa urgente", disse.