São Paulo, 30/06/2014 - Apesar do aumento da oferta de milho no Centro-Oeste, com o avanço da colheita da safrinha, a liquidez é reduzida no mercado doméstico. Produtores ofertam o cereal novo, mostrando alguma disposição para entregar parte do produto mesmo a preços considerados pouco remuneradores, mas a demanda ainda é tímida. De olho na oferta de mais de 43 milhões de toneladas que deverá chegar ao mercado até agosto, consumidores não sentem necessidade de formar estoques e ainda aproveitam a pressão de safra para pagar menos. Com isso, os acordos registrados são pontuais, e os lotes, reduzidos.
Fundamental para garantir o escoamento da produção e dar liquidez ao mercado, a exportação é incerta. Segundo corretores, tradings contrataram volume reduzido para embarque e é difícil prever qual será a estratégia adotada por essas empresas até agosto, período em que as vendas ao exterior ganham ritmo. Com o dólar oscilando perto de R$ 2,20 - na sexta-feira, a moeda norte-americana fechou o dia estável a R$ 2,1980 - e cotações futuras na Bolsa de Chicago (CBOT) no patamar de US$ 4,40 por bushel, as indicações de compra para exportação não ultrapassariam os R$ 12/saca, na estimativa do corretor Guaracy Calaza, da InterManus, de Campo Novo do Parecis (MT). No entanto, ele projeta elevação dos custos com frete até o porto durante o mês de julho, pico da colheita, o que pressionaria ainda mais novas indicações de compra.
Na sexta-feira, vendedores ofertavam a R$ 13/saca em Campo Novo do Parecis (MT), mas não havia comprador nesses preços, ainda conforme Calaza. As indicações oscilavam entre R$ 11,50/saca e R$ 12/saca, mas sem muito apetite. "Compradores estão confortáveis e buscam lotes que atendam necessidade de sete a 15 dias, ao invés de garantir suprimento para 30 dias", comentou o corretor.
Em Primavera do Leste, sudeste de Mato Grosso, comprador sinalizava R$ 15,10/saca a R$ 15,50/saca, dependendo do prazo de pagamento, observou Ederson Pannebecker, da ASP Corretora de Cereais. Há cerca de 40 dias, os preços oscilavam em torno de R$ 18/saca a R$ 19/saca, lembrou. Agora os negócios são pontuais e o produtor quer receber pelo menos R$ 16/saca no spot, segundo o corretor.
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a colheita alcançava 9,5% da área cultivada na última quinta-feira. Os trabalhos no campo estão mais avançados na região oeste, com 12,3%. No sudeste do Estado, 5,6% da área havia sido retirada, conforme acompanhamento de colheita do Imea. Na comparação com período equivalente de 2013, quando 13% da área havia sido colhida, os trabalhos estão atrasados em 3,5 pontos porcentuais. A produtividade parcial está em 93,8 sacas por hectare.
Em Mato Grosso do Sul, comprador indicava R$ 17,50/saca em Dourados, menos que os R$ 18/saca desejados pelo produtor, contou Carlos Ronaldo Davalo, operador da Granos. Nos municípios de Maracaju, Rio Brilhante e Ponta Porã, a proposta de compra era R$ 17/saca, também R$ 0,50 menor do que a pedida do produtor. De acordo com a fonte, não rodaram volumes nesta sexta-feira. Na semana passada, acordos foram fechados a R$ 18/saca FOB na região de Dourados. "A safra do Estado já está consolidada e deve superar a do ano passado. O quadro só mudará se chover exageradamente", comentou Davalo.
Em Ponta Grossa (PR), compradores sinalizavam entre R$ 22,50/saca e R$ 23/saca, ante ofertas a R$ 24/saca na sexta-feira. Corretor da região contou não ter registrado nenhum negócio durante a semana. Para exportação, havia chance de acordo com embarque imediato a R$ 25,50/saca. Para a safrinha, a última referência obtida pelo agente do mercado, na quarta-feira, foi de R$ 25,20/saca, também sem acordos.
O indicador Cepea/Esalq/BM&F fechou a sexta-feira a R$ 25,16/saca, em queda de 0,08%. Em dólar, o preço ficou em US$ 11,45/saca (-0,09%).
Fonte: Commcor.com.br