Além disso, para os pesquisadores, questão dos preços dos alimentos não pode ser dissociada da política fiscal.
Um estudo do CLP (Centro de Liderança Pública) mostrou que ‘fatores internos’ desempenharam um papel “muito mais relevante” no aumento dos preços domésticos dos alimentos. Em uma nota técnica, os pesquisadores afirmam que o comportamento dos preços globais não justifica a aceleração observada no mercado brasileiro, já que, embora o dólar tenha registrado aumentos, esses fatores não são suficientes para explicar o aumento substancial nos preços internos.
“Controlar os gastos públicos e buscar equilíbrio fiscal, além de contribuir para a estabilização da taxa de câmbio, é essencial para mitigar pressões inflacionárias sobre os alimentos e garantir a segurança alimentar da população”, alerta.
Entre os fatores que contribuíram para a alta nos preços, estão a valorização do dólar, influenciada pela volta de Donald Trump à Casa Branca, além de fatores climáticos e incertezas sobre as contas públicas.
“Essa relação sugere que a sustentabilidade fiscal desempenha um papel crucial na estabilidade da taxa de câmbio. Quando o governo apresenta um desempenho fiscal saudável, reduz-se o risco de insolvência e a necessidade de financiamento externo, fatores que contribuem para uma valorização do real.”
O documento também chama a atenção de que déficits persistentes ampliam a percepção de risco, o que pode resultar em menor entrada de capitais e maior pressão cambial. “Essa dinâmica significa que a gestão das contas públicas tem um impacto significativo sobre os preços internos, principalmente os alimentos”, completou.
Outro ponto defendido pelo estudo é que a desvalorização do real tende a encarecer produtos importados, incluindo insumos agrícolas, além de aumentar os preços de alimentos cuja formação de preço está atrelada ao mercado internacional.
O estudo mostra que a transferência direta de renda para os grupos mais vulneráveis é amplamente considerada uma das políticas mais eficazes para lidar com o aumento dos preços dos alimentos.
“Ao contrário de controles de preços ou subsídios universais, as transferências permitem que os preços de mercado reflitam as condições reais de oferta e demanda, enquanto protegem o poder de compra dos mais pobres.”
Para os responsáveis pela pesquisa, essa abordagem é mais eficiente, especialmente em países com sistemas de proteção social bem desenvolvidos.
Fonte: noticias.r7.com