O mercado de milho no Brasil segue aquecido. Com a demanda interna e externa em alta, o preço pago pela saca de 60 quilos para entrega imediata tem subido nas principais praças do País. Em Mato Grosso, o avanço chegou a R$ 3/saca em algumas praças desde o começo do ano. Corretores relatam que a procura é forte, incluindo a de compradores de outros Estados. Um dos motivos é o baixo estoque de granjas e indústrias locais que, no fim do ano passado, preferiram adiar as compras esperando que os preços recuassem. Por outro lado, as negociações antecipadas da safrinha 2016 seguem mornas, com baixo interesse, após o grande volume negociado ainda no início do segundo semestre de 2015.
Em Mato Grosso, um volume entre 4 mil e 5 mil toneladas foi vendido nesta terça-feira, dividido em pequenos lotes, de 200 a 300 toneladas. O corretor Leandro Rodrigues, da Centro Mix, de Cuiabá, disse que exportadores continuam em busca do cereal, mesmo após o grande volume movimentado desde agosto do ano passado. Ontem, era possível fechar negócio a R$ 23/saca em Campo Novo do Parecis para embarque imediato e pagamento no começo de fevereiro. Nos mesmos prazos, a indicação era de R$ 23,50/saca em Tangará da Serra. Confinadores e indústrias de alimentos ofereciam R$ 22,50/saca para entrega imediata em Sapezal, também com pagamento no início do mês que vem. "São muitos tomadores no mercado, tem gente do Paraná e do Nordeste ligando à procura de milho", afirmou Rodrigues.
Sobre a safrinha 2016, há pouca movimentação, com compradores e vendedores andando de lado nas negociações. Para retirada em julho e pagamento em agosto, a ideia de compradores era de R$ 19,50/saca em Tangará e de R$ 22,50/saca em Campos de Júlio, sem interesse de venda. Em Diamantino, vendedores pediam R$ 20,50/saca, mas as maiores propostas eram de R$ 20/saca.
No norte do Paraná, compradores ofereciam R$ 39/saca para retirada imediata em Maringá e pagamento em 30 dias, mas as ofertas são cada vez mais raras, segundo corretor do município. No Porto de Paranaguá, a indicação de compra chegava a R$ 44/saca para entrega até 25 de janeiro e pagamento em 15 de fevereiro. Como o frete da região até o porto está entre R$ 5,50 e R$ 6 por saca, o preço é mais atrativo para negociação no norte paranaense. Havia ainda chance de negócios a R$ 39,80/saca para entrega em Castro no disponível, com pagamento em 28 dias, mais ICMS, porém vendedores pediam R$ 40,50/saca. "Ainda resta um pouco de milho armazenado no Estado, mas não tem produto disponível para negociar", disse corretor de Maringá. Os problemas em estradas da região norte do Estado, em virtude das chuvas, também contribuem para travar a negociação no spot. Vendedores estão com dificuldade de escoar o que já negociaram e evitam realizar novos acordos.
A demanda dos demais Estados do Sul arrefeceu, conforme o mesmo corretor, por causa do início da colheita da safra de verão 2015/16. "Quando começa a colheita, compradores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina buscam oferta dentro dos dois Estados. Mas em breve volta ao normal, porque a produção de verão deve ser menor." Segundo o agente, os preços ainda têm espaço para subir por causa da incerteza sobre a área plantada no Centro-Oeste com os atrasos na soja e o real ainda fraco.
Em Mato Grosso do Sul, a indicação de compra era de R$ 31/saca para retirada imediata e pagamento em 30 dias em Maracaju e de R$ 32/saca em Dourados, nos mesmos prazos. Segundo o corretor Leon Davalos, da Granos, há poucas ofertas no Estado. Além de os preços estarem subindo e produtores segurarem o grão por não saber se os valores vão aumentar ainda mais, chove muito nas principais áreas produtoras, dificultando o carregamento do produto dos armazéns e silos-bolsa para os caminhões.
Quem tem produto pede entre R$ 34 e R$ 35/saca, mas o mercado não chega a este patamar. Para entrega imediata no Porto de Santos, havia chance de acordos ontem a R$ 44/saca, com pagamento em fevereiro. Quanto à comercialização antecipada da safrinha deste ano, compradores indicavam R$ 25/saca para retirada em agosto em Dourados e pagamento em setembro, mas vendedores pediam R$ 27/saca. "Enquanto produtores não conseguirem colher soja e ver quanto vão conseguir plantar de milho, a negociação deve continuar lenta."
O indicador Cepea/Esalq fechou em forte alta de 3,39%, a R$ 41,74/saca. Em dólar, o preço ficou em US$ 10,33/saca (+3,61%).