Os incubatórios Dekalb, Hisex e Mercoaves vão se adequar à realidade momentânea do setor de postura comercial, que como um todo vem passando por dificuldades.
Os altos custos de produção do ovo têm desanimado alguns avicultores brasileiros a manter-se na atividade e já há notícias de fechamento de pequenas granjas. Algumas granjas de porte médio têm começado a adotar a estratégia de reduzir o plantel, desistindo de novos alojamentos à medida em que vão descartando as aves mais velhas dos aviários. É o que têm divulgado alguns veículos de comunicação pelo país, redes sociais e mesmo desabafos de empresários avícolas em grupos de whatsApp.
A manutenção dos preços altos dos principais insumos para a ração tem sido o principal motivo do desânimo com a atividade, pois isso provoca a redução da margem de lucro. Há meses que o segmento da postura comercial tem amargado altos prejuízos por caixa de ovos. A recente alta do preço do milho – principal insumo que compõe a ração das pintainhas e poedeiras – e a certeza de que mais alta está por vir desanimaram de vez alguns produtores.
Diante desse cenário de dificuldade, algumas empresas têm decidido fazer ajustes em seus alojamentos de matrizes, como é o caso daquelas que operam com linhagens Hendrix. A intenção é reduzir o fornecimento de pintainhas ao mercado e, assim, ajustar-se à real demanda de mercado.
HISEX E DEKALB
Sadala Tfaile (à direita na foto do destaque), gerente geral das linhagens Hendrix Genetics Ltda e responsável pelo planejamento da venda direta das linhagens Hisex e Dekalb, diz que decisão de trabalhar com menor plantel de matrizes foi tomada pela necessidade de adequação à realidade do mercado, mas também porque considera “necessário sermos solidários ao momento no nosso setor, que exige tomadas de decisões equilibradas.”
Sadala é claro ao desenhar o cenário atual na produção de matrizes: “Estamos produzindo mais que a demanda e é preciso um ajuste para nos adequarmos à realidade do mercado. Hoje o cenário é de insegurança no mercado devido à pandemia e outras questões da economia como um todo no país”, disse, com exclusividade e em primeira mão a A Hora do Ovo, o gerente geral das linhagens Hendrix Genetics Ltda.
De acordo com Sadala Tfaile, ficou definido que o alojamento de matrizes Hisex e Dekalb será reduzido em 30 mil matrizes a partir de maio. E isso será feito por descarte de aves e desistência de novos alojamentos. “Os reflexos dessa decisão serão sentidos no segmento a partir de junho, nas duas linhagens. Isso será necessário para adequar custos, oferta, demanda e manutenção do alto padrão de atendimento”, argumenta, demonstrando sua preocupação com a enorme clientela da Hendrix Genetics Ltda no Brasil.
Experiente homem do mercado de avicultura de postura, Sadala é enfático: “Essa é uma decisão corporativa, solidária ao momento da avicultura brasileira. Trata-se de uma adequação de produção que precisa ser feita, pois na estratégia da HG Ltda entendemos que só uma redução de alojamento pode trazer benefícios para o setor neste momento É o que está acontecendo já em outros países da América do Sul e pelo mundo”, diz, citando países como o Chile, por exemplo, que já reduziu o plantel internamente devido à crise gerada pela pandemia da covid-19 e acabou de abrir o mercado para importar ovos comerciais do Brasil.
MERCOAVES
Empresa independente distribuidora exclusiva das linhagens Bovans e Isa Brown, a Mercoaves também tomou decisão interna de ajustar seu plantel de matrizes diante da nova realidade do mercado. O diretor Gauben Peruzzo (à esquerda na foto do destaque) anuncia que, pelo menos 42 mil matrizes das duas linhagens, deixarão de serem alojadas ou retiradas de circulação.
“Isso é para nos adequar ao novo momento do mercado. Estamos em busca de uma redução do plantel de matrizes já existente para adequação à conjuntura atual, principalmente devido aos altos custos de produção. Vemos com muita preocupação a matéria-prima em alta, o preço do milho em alta acelerada. Se o milho passar a custar R$100,00 a saca, ou mais, com pouca perspectiva de baixa no curto prazo, é muito claro que a comercialização da pintainha de um dia vai reduzir ainda mais. Já se sabe que há granjas de poedeiras encerrando atividades, outras postergando alojamento, se adequando ao momento, o que é até natural diante do cenário. Temos que contribuir para que tudo se ajuste, e a melhor forma é nos adequarmos ao volume de pintainhas que o mercado realmente necessita.”
Gauben Peruzzo destacou também, em entrevista exclusiva a A Hora do Ovo: “Ainda que a Mercoaves seja uma empresa sólida e que tenha saúde financeira, o movimento atual é de sermos muito responsáveis para nos adequarmos ao mercado. É preciso que todos colaboremos com a saúde financeira do segmento de produção de ovos, nos readequando ao mercado, com um reposicionamento frente ao que o mercado precisa na crise pontual que a avicultura atravessa nesta pandemia.”
O diretor da Mercoaves faz questão de pontuar que crises vêm e passam, desde que todos se mantenham conscientes do que é necessário fazer: “Essa redução no alojamento de matrizes é um movimento comercial normal. Se o mercado compra menos, oferecemos menos. E quando o mercado passar a ser mais comprador, alojaremos mais matrizes. Agora é uma questão de sermos todos – empresários da genética e empresários da produção de ovos – estratégicos e resilientes. Todos sairemos desse momento desde que todos tomemos as atitudes corretas. É o que eu e Henrique Roman, meu sócio, sempre dizemos a nosso cliente, com muita sinceridade: os dilemas e dores do produtor são também os nossos, pois também somos produtores, produtores de matrizes. Nós estamos no mesmo barco de sobrevivência no mercado, sabemos das dificuldades que nossos clientes passam e temos que nos alinhar com eles para que essa crise passe, como todas as outras que já passaram”, diz, confiante.
Fonte: A Hora do Ovo.