Reportagem interessante do Jornal Hoje da Rede Globo enviada pelo produtor goiano Altino Loyola.
"Aos 42 anos, Rockfeller se recupera do terceiro infarto – os três provocados pela alta taxa de colesterol no sangue. “É difícil mudar, porque você tem vontade de comer as coisas”, justifica.
O colesterol é uma gordura produzida pelo fígado para auxiliar na absorção dos alimentos. Há o bom colesterol, que é obtido com o consumo de azeite, nozes e peixe – é o tipo HDL, que deve estar acima de 35 miligramas por litro de sangue numa pessoa adulta; já o mau colesterol é produzido por frituras e gorduras saturadas, como as encontradas em manteigas e chocolates. O mau colesterol é chamado LDL e não deve ser superior a 130 miligramas por litro de sangue numa pessoa adulta com até 30 anos. A soma dos dois é o colesterol total, que deve ser de até 200 miligramas. Os principais problemas provocados pelos altos níveis de colesterol no sangue são cardíacos. “O principal fator do desequilíbrio é a questão genética, a herança da pessoa. Mas o estilo de vida piora essa predisposição familiar; uma alimentação com grande conteúdo de gordura aumenta o risco de a pessoa ter doença cardiovascular, infarto, AVC, derrames”, explica a nutróloga Lenita Zajdenverg, Se as frituras e gorduras já são uma tentação para os adultos, imagine para os mais jovens. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, 8% dos brasileiros com até 24 anos têm colesterol alto – entre eles, muitas crianças. Gabriela Maciel tem 8 anos de idade e dois de dieta; aos 6, num exame de rotina, descobriu que tinha colesterol alto. Mas a garota não se afastou totalmente dos alimentos proibidos: “Eu levava o meu lanche pra escola, mas olhava os colegas comerem os biscoitos que eu gosto e pedia um”, conta. O cardiologista Marco Antônio de Mattos e a nutricionista Virgínia Barroso do Nascimento são os convidados do Jornal Hoje para tirar dúvidas dos telespectadores.
Confira a seguir:
Uma telespectadora de 19 anos tem o colesterol mau muito alto: 280 miligramas. Ela diz que já fez dieta e não adiantou. É indicado tratamento com remédios para uma pessoa tão jovem?
Marco Antônio de Mattos: Nesse caso sim, porque o colesterol dela está muito elevado e ela já tentou a dieta. Mas ela não pode esquecer que, junto com a medicação, tem que manter a dieta e fazer exercício físico e aeróbico regularmente.
Algum alimento ajuda a baixar o colesterol, como o suco de berinjela?
Virgínia Barroso do Nascimento: O suco de berinjela é mito. O que ajuda a baixar o colesterol é aumentar a quantidade de alimentos que não são fontes de colesterol – dentre eles está a berinjela, como todos os outros vegetais. Tem que se comer menos fontes de colesterol, como carnes e frituras.
O colesterol pode estar ligado ao fator emocional?
Marco Antônio de Mattos: O colesterol não tem qualquer ligação com o fator emocional; ele está relacionado à genética e a fatores ambientais.
No caso de crianças com colesterol, como fazê-las entrar na dieta?
Virgínia Barroso do Nascimento: No caso das crianças, a dieta tem que ser atrativa. É bom que se ofereça, por exemplo, uma batata com o corte da batata frita, mas que tenha sido feita no forno; se a batata tiver sido congelada antes e depois assada, ela fica crocante. E deve-se oferecer também os vegetais junto com a batata frita.
Cigarro aumenta o nível de colesterol?
Marco Antônio de Mattos: Mantido a longo prazo, o cigarro leva a uma redução do HDL, que é o colesterol bom. Só que o cigarro é um dos principais fatores de risco para doenças do coração, e aí o mais importante é o risco do infarto. Quer dizer, tem que parar de fumar de qualquer jeito.
O ovo é mesmo um vilão do colesterol ou depende só da maneira como é preparado?
Virgínia Barroso do Nascimento: Não é vilão, nos últimos tempos temos feito questão de dizer isso. Há de se ressuscitar o papel do ovo como fonte de proteína. Mas ele deve ser preparado sempre sem gordura; o tradicional ovo frito, com grande quantidade de gordura, é perigoso para o colesterol.
Usar remédio para colesterol por muito tempo traz algum efeito colateral?
Marco Antônio de Mattos: Qualquer remédio pode dar efeito colateral, só que eles são mais freqüentes nos primeiros 30 dias de sua utilização. A pessoa deve prestar atenção e conversar com seu médico.
Quais escolhas são boas para quem vai a uma churrascaria? Quantas vezes por semana pode-se comer carne vermelha?
Virgínia Barroso do Nascimento: Depende da idade da pessoa, mas, em geral, o adequado são duas vezes por semana para cada tipo de alimento animal – carne bovina, ave e peixe – e uma vez por semana para o ovo."